Na aula inaugural do Curso Livre: Filosofia, Corpo e Acessibilidade, foi apresentada a concepção platônica do corpo e sua relação com a alma e o conhecimento. Para Platão, o corpo representa uma prisão para a alma, pois a mantém limitada ao mundo sensível e à experiência dos sentidos, que são enganosos. A verdadeira realidade, segundo ele, não está no mundo material, mas no mundo das ideias, onde residem as formas puras e eternas.

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No diálogo Fédon, Platão descreve o corpo como um obstáculo para o pensamento filosófico, pois as necessidades físicas e os desejos desviam a alma da busca pelo conhecimento verdadeiro. A filosofia, nesse contexto, surge como um exercício de separação entre corpo e alma, preparando o filósofo para o momento da morte, quando a alma finalmente se liberta da matéria e pode contemplar a verdade sem interferências.

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Outro ponto central discutido foi o Mito da Caverna, no qual Platão ilustra a jornada da alma em direção ao conhecimento. Os prisioneiros na caverna representam aqueles que estão presos ao mundo sensível, tomando sombras por realidade. Somente aquele que se liberta e ascende ao mundo exterior pode enxergar a verdade, mas, ao retornar à caverna para compartilhar seu conhecimento, encontra resistência e descrença. Essa metáfora reforça a ideia de que o corpo e os sentidos limitam a compreensão da realidade e que o verdadeiro saber exige uma ruptura com o mundo material.

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A aula também abordou o conceito de anamnesis (reminiscência), segundo o qual aprender é, na verdade, relembrar. Como a alma já esteve no mundo das ideias antes de nascer, todo conhecimento verdadeiro já está nela, mas é obscurecido pelo corpo. A prática filosófica consiste, portanto, em despertar essas memórias adormecidas.

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Por fim, a aula trouxe uma reflexão sobre como essa visão platônica do corpo pode influenciar questões de acessibilidade e inclusão. Se o corpo é visto como um entrave para o conhecimento, como isso impacta a forma como lidamos com os corpos no espaço social? Além disso, foi feita uma breve contraposição à visão aristotélica, que entende o corpo não como um limite, mas como um meio essencial para a experiência e a construção do conhecimento.

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Essa introdução marca o início da investigação filosófica do curso, estabelecendo bases conceituais que serão desenvolvidas ao longo das próximas aulas.